Renan joga a toalha, Lira ainda resiste: veto de Lula expõe racha na bancada alagoana

O veto do presidente Lula à ampliação do número de deputados federais – que afetaria diretamente a representação de Alagoas no Congresso – já provoca uma divisão visível entre dois dos principais caciques políticos do estado: Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP).

A medida presidencial enterra, ao menos por ora, a proposta de ampliar de 513 para 531 o número total de cadeiras na Câmara. Com isso, estados como Alagoas perdem espaço: a bancada federal cairia de 9 para 8 deputados, enquanto a Assembleia Legislativa passaria de 27 para 24 estaduais.

Renan, pragmático, já sinalizou a aliados que considera a reversão do veto praticamente impossível. Nos bastidores, tem orientado deputados estaduais a não alimentarem falsas esperanças. Ele ecoa o sentimento predominante entre os parlamentares alagoanos em Brasília: o Congresso dificilmente encontrará ambiente político para derrubar a decisão de Lula.

Arthur Lira, por sua vez, ainda aposta numa reação do Parlamento. Embora reconheça que o clima é adverso, o presidente da Câmara mantém a cautela. Lembra que o prazo para análise do veto vai até 1º de outubro e, até lá, movimentos podem ocorrer.

O episódio tem exposto fissuras na relação entre Renan e Lira, que até recentemente vinham evitando choques diretos. A postura mais conformada de um e a insistência do outro em manter a articulação deixam clara a tensão. No xadrez político, os dois líderes sabem que a queda de braço vai além da matemática legislativa: é também uma disputa por protagonismo em Alagoas.

Se a votação do veto consolidar a perda de cadeiras, a disputa interna pelo controle das futuras indicações vai se acirrar. E, como já se viu em outras praças, irmãos políticos podem acabar como Cid e Ciro Gomes: separados por divergências que não cabem mais no mesmo palanque.

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