EUA admitem isenção de tarifas para produtos agrícolas que não produzem — café e cacau entre os citados

Em meio à escalada nas tensões comerciais com o Brasil, o governo dos Estados Unidos sinalizou, pela primeira vez, abertura para isentar de tarifas produtos agrícolas que não são cultivados em território americano. A declaração partiu do secretário de Comércio, Howard Lutnick, durante entrevista à emissora norte-americana CNBC nesta terça-feira (29).

A fala marca uma mudança importante no tom adotado pelos EUA em relação às importações agrícolas e pode beneficiar países tropicais, entre eles o Brasil, que é o principal fornecedor de café para o mercado americano.

“Se você cultiva algo que nós não cultivamos, isso pode entrar com tarifa zero. Então, se fizermos um acordo com um país que produz mangas ou abacaxis, esses produtos podem entrar sem tarifa. Café e cacau são outros exemplos de recursos naturais”, afirmou Lutnick.

Embora não tenha mencionado diretamente o Brasil, a sinalização de isenção tarifária representa uma abertura relevante no momento em que o país sul-americano corre o risco de ser atingido por uma tarifa de 50% sobre suas exportações — taxa que pode entrar em vigor já em agosto, caso as negociações bilaterais não avancem.

Hoje, o Brasil representa quase 34% das importações de café feitas pelos Estados Unidos. Com o grão citado nominalmente por Lutnick, o país pode vislumbrar uma brecha para manter sua competitividade no mercado norte-americano, mesmo diante da ofensiva protecionista da atual gestão.

A fala do secretário veio acompanhada de elogios ao recente acordo firmado entre os EUA e a União Europeia, que prevê a compra de US$ 750 bilhões em energia americana. Ao comentar o pacto, Lutnick destacou o peso do mercado europeu e o estilo direto do presidente Donald Trump nas negociações internacionais.

Apesar da abertura para produtos tropicais, a situação brasileira continua indefinida. O governo dos EUA estabeleceu 1º de agosto como prazo final para definir quais países serão atingidos pela nova rodada de tarifas.

“Para o resto do mundo, teremos tudo resolvido até sexta-feira. E sexta-feira não está tão longe”, disse Lutnick, referindo-se ao cronograma definido pela Casa Branca.

Agora, a expectativa recai sobre os próximos passos do governo brasileiro. A fala do secretário norte-americano não garante a permanência do Brasil na lista de isentos, mas deixa claro que há espaço para acordos caso a diplomacia avance rapidamente.

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