“Meu filho ficou esperando um leito”: mãe denuncia negligência após morte de bebê em Aracaju

A dor de uma mãe marcou o último fim de semana em Aracaju. Após 19 dias de internação, o pequeno Miguel*, de apenas dois anos, não resistiu às complicações de uma bronquiolite agravada e faleceu no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) neste sábado (26). A família denuncia falhas graves no atendimento prestado durante o período de internação, desde a entrada da criança no Hospital da Criança até sua transferência tardia para a UTI.

“Meu filho ficou esperando um leito. Ele precisava ser operado com urgência e mesmo assim demoraram a medicar, a fazer o que ele precisava. Foi negligência”, relata Joice Claudomira Santos de Andrade, mãe de Miguel, ainda abalada com a perda.

Segundo Joice, a criança deu entrada no Hospital da Criança no dia 7 de julho, já com sinais de desconforto respiratório. O diagnóstico inicial foi bronquiolite, causada pelo vírus sincicial respiratório — comum, mas perigoso em casos mais graves. No entanto, o quadro clínico se agravou rapidamente, exigindo intubação e, posteriormente, cirurgia de emergência por causa de um comprometimento intestinal. A vaga na UTI, no entanto, só foi liberada doze dias depois, no dia 19.

A mãe também afirma que outro paciente foi priorizado para o leito de UTI, mesmo com o agravamento do estado clínico de seu filho. A transferência só ocorreu quando a situação já era considerada crítica.

O que dizem os hospitais

Em nota, o Hospital da Criança confirmou a internação da criança no dia 7 de julho com sintomas gripais, com exames revelando infecção pelo vírus sincicial respiratório. A unidade informou que no dia 11 de julho o bebê precisou ser intubado e que, diante do agravamento do quadro, uma vaga na UTI pediátrica foi solicitada imediatamente. O hospital também reconheceu que houve comprometimento intestinal durante a internação.

A Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela gestão do Huse, afirmou que o bebê foi transferido no sábado (19), já em estado gravíssimo, e que recebeu “toda a assistência especializada e integral necessária”.

Apesar da nota oficial, a família contesta a versão e exige respostas. O sepultamento de Miguel ocorreu na manhã deste domingo (27), na cidade de Itaporanga D’Ajuda, em clima de comoção e revolta.

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